Você sabe quais são os tipos de violência contra a mulher?
Vamos começar esclarecendo que qualquer tipo de violência é uma violação dos direitos humanos e deve ser denunciada.
Segundo o Instituto Maria da Penha, existem cinco tipos de violência, confira abaixo:
1- Violência física: tortura, ferimentos causados por objetos queimaduras ou armas de fogo, estrangulamento, espancamento.
2- Violência psicológica: ameaças, manipulação, humilhação, isolamento no sentido de proibir trabalhar, estudar, estar com amigos, perseguição, insultos, chantagem.
3- Violência sexual: forçar casamento, gravidez ou prostituição; estupro, impedir o uso de contraceptivo.
4- Violência patrimonial: deixar de pagar pensão, controlar o dinheiro, privar de bens, valores ou recursos econômicos.
5- Violência moral: acusações, críticas mentirosas, exposição da vida íntima, desvalorizar a vítima.
Em tempos de pandemia com o isolamento social, muitas mulheres estão passando mais tempo dentro de casa, na companhia de seus parceiros.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de feminicídio (homicídio contra mulher, só por ser mulher) de 22.2%. E a Central Nacional de Atendimentos a Mulher registrou um aumento de 34% dos chamados pelo Disque 180.
É importante destacar que a violência pode ser causada por parte de familiares ou cônjuge, simplesmente por não os obedecer, ou por qualquer outro motivo.
Esses comportamentos são antigos, vindos de um sistema social totalmente patriarcal e que permanecem até os dias de hoje. Patriarcal significa que o homem é visto como quem sustenta a família e paga as contas, ou seja, o homem é independente capaz e resistente considerando assim, que a mulher não é provedora, que ela é frágil, que ela é confusa e que ela depende da figura masculina. Criando a ilusão, de que a mulher tem que ser manipulada pelos homens. Os homens aprenderam a ser assim e as mulheres, aprenderam que precisam ser submissas.
Precisamos considerar que essa é uma visão completamente distorcida, hoje não podemos mais admitir que as mulheres sejam tratadas desta forma.
Principais impactos da violência contra mulheres:
Ao sofrer a violência ou abuso a mulher a longo prazo desenvolve diversos traumas e patologias que se tornam crônicas durante a sua vida.
A maior consequência disso tudo é o impacto na saúde mental, desencadeando uma baixa autoestima, dependência emocional, incapacidade intelectual, depressão, estresse pós-traumático, suicídios, ansiedade elevada, dentre outras inúmeras patologias.
Portando as mulheres ao sofrer essas consequências psicológicas não tomam atitudes necessárias, por terem medo de denunciar, por se sentirem fragilizadas, culpadas ou ainda porque já perderam as esperanças em si mesmas, de que é possível sair dessa vida e acreditam que não serão amadas por outras pessoas.
Sabendo disso amadas mulheres, procurem saber mais sobre este assunto, procurem por profissionais da área de saúde e profissionais da área jurídica para te orientar como proceder.
Além disso, existem vários órgãos que prestam serviços exclusivamente a mulheres que sofrem violência e eles trabalham com o intuito de reconstruir a sua autonomia e te livrar da rotina dos abusos.
E então, você acredita que vive uma relação abusiva?
Se você já conseguiu detectar isso, você saberia dizer por qual motivo você ainda permanece neste relacionamento?
Vou ver se eu consigo te ajudar um pouquinho mais a identificar quais são os motivos pelos quais uma pessoa continua numa relação abusiva.
Continue acompanhando esta leitura.
Existem muitas explicações que desenham muito bem o motivo comportamental pelo qual nos sujeitamos a passar por coisas que nos fazem mal, uma das coisas mais importantes são as crenças limitantes que carregamos inconscientemente.
Diante das crenças abaixo você se identifica com alguma delas?
- Medo de morrer, devido as ameaças recebidas diariamente
- Dependência financeira
- Culpa pelo relacionamento não dar certo
- Esperança de mudança do comportamento do companheiro
- Sentimentos de desvalorização
- Inferioridade psicológica/intelectual
- Dependência emocional
Se você se identificou com alguma delas, confira abaixo o porquê você chegou a desenvolvê-la.
No decorrer da nossa vida passamos por desenvolvimentos psicológico, físico, social, religioso, dentre tantas outras experiências. A cada uma, registramos em nossa mente como verdade absoluta e de alguma forma isso torna-se automático, sem passar pela nossa consciência. Por este motivo se faz importante ter um acompanhamento com um psicólogo, para que você possa identificar e ressignificar sua forma de ver a vida. Acredite, é isso que te prende a uma vida infeliz.
Se você não buscar por autoconhecimento, você dificilmente conseguirá detectar a relação abusiva, por mais que alguém te diga isso com todas as palavras, você não acreditará.
As palavras que você ouve do agressor, no final, alimentam suas crenças negativas, faz com que você acredite cada vez mais que merece esta vida.
Uma das crenças mais comuns que detecto em meus atendimentos, é “tenho a esperança de que ele vai mudar, vai valorizar o que eu faço e quem sou”.
Desencana, isso só vai te prender ainda mais ao sofrimento e nada mudará.
Precisamos compreender, não temos a permissão nem autonomia de mudar o outro, portanto se você sofre, se você não se sente uma pessoa realizada, se você está se culpando pelo seu relacionamento não dar certo, compreenda que toda dor tem um papel em nossa vida, esse papel é de nos alertar que estamos no caminho errado. Abra os olhos, siga em frente, na direção que te permite ser livre. Mude você, o que não está bom.
É muito importante destacar que este tipo de fenômeno alcança mulheres de diferentes classes sociais, origens, estados civis, raças, escolaridade, orientação sexual ou idade.
A violência contra mulher, além de destruir famílias, pode provocar depressão, comportamentos suicidas, problemas físicos, mas o maior índice ainda está nos danos da saúde mental, onde a mulher apresenta sentimentos de solidão, irritação, tristeza crônica, desamparo, ansiedade, distúrbios sociais e insônia.
O rompimento de uma relação agressiva pode durar anos, principalmente porque na maioria das vezes as mulheres passam a se sentir inferiorizadas e isoladas dos amigos ou dos familiares. Acreditando assim, que estão sozinhas ou que já não há mais nada a fazer.
Novamente! Saia dessa, existem milhares de movimentos querendo te ajudar a sair dessa, busque por mais informações.
Saiba de antemão que você não nasceu para sofrer, que você não nasceu para ser agredida. Se você já viu essa história na sua família, se você se sente fraca emocionalmente ou se você se sente sem proteção jurídica, saiba que isso é apenas mais uma crença que te limita a sair dessa relação abusiva.
Busque um centro de atendimento a mulheres, fale com o psicólogo, fale com um advogado, com o vizinho, com alguém. Não se cale mais.
Você pode começar entrando em contato pelo 180 – denúncia e violação contra mulher.
Psicóloga Valkiria Lima
CRP/137824
“A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade,
pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas
tem medo de responsabilidade”.
Sigmund Freud
Fontes:
www.fundobrasil.org.br/blog/violencia-contra-a-mulher-como-identificar-e-combater
www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html
GOMES, Ingrid Raphaelle Rolim e FERNANDES, Sheyla C. S.A permanência de mulheres em relacionamentos abusivos à luz da teoria da ação planejada. Bol. – Acad. Paul. Psicol. [online]. 2018, vol.38, n.94, pp. 55-66. ISSN 1415-711X.